A telemedicina teve um papel fundamental durante a Covid-19. Sem os avanços tecnológicos, não teria sido possível enfrentar os percalços que surgiram com o isolamento social, hospitais e UTIs trabalhando em capacidade máxima, exames preventivos e cirurgias eletivas adiados.

 

O Conselho Federal de Medicina (CFM), em abril de 2020, reconheceu e legalizou, em caráter excepcional, a prática da telemedicina em todo o país, enquanto durar a situação emergencial da pandemia. Podem realizar atendimento à distância todas as especialidades, desde que cumpram os requisitos de segurança previstos pelo Ministério da Saúde em portaria.

 

A medicina sempre esteve conectada com a tecnologia para melhorar o atendimento e aperfeiçoar tratamentos. Mas, afinal, quais serão os desafios da telemedicina e quais as principais tendências para o mercado da saúde em 2021?

 

Telemedicina: ainda há muitas barreiras a serem superadas no Brasil
 

  • O desafio inicial – e por que não dizer principal? – é conseguir a regulamentação definitiva da telemedicina. De acordo com decisão tomada pelo Congresso Nacional, o papel de determinar como a telemedicina será praticada no Brasil após o final da pandemia caberá ao Conselho Federal de Medicina (CFM). A telessaúde precisa ser aprimorada, preservada e garantida.

 

  • A regulamentação precisa inibir práticas médicas que possam banalizar a telemedicina e colocar em risco a saúde dos pacientes. É preciso deixar claro que não é qualquer oferta de atendimento remoto que caracteriza a assistência por telemedicina. Ela deve ser continuada, perene e sistêmica, facilitando o acesso à saúde e atendendo melhor a população. Além disso, o CFM, a Associação Médica Brasileira (AMB), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e a gestão do SUS precisam alinhar seus objetivos e ações.

 

  • Para que a telemedicina seja uma realidade, de fato, no país, faz-se necessário uma ampliação do acesso à tecnologia em todo o território nacional, garantindo a existência de banda larga e internet de qualidade à população. 

 

  • A remuneração dos prestadores de serviço, em especial os médicos, é uma barreira ainda a ser discutida. Como os valores pagos e os ritos para o faturamento são de livre negociação entre as operadoras e os profissionais de saúde, muitos temem que seus honorários sejam reduzidos ao prestar atendimento à distância. Precisa haver a proteção necessária aos médicos para que se sintam confiantes em adotar a prática da telemedicina.

 

  • Outro ponto de atenção está no aumento do tráfego de dados pela internet e a adoção de práticas seguras de proteção de dados sensíveis e que merecem tratamento diferenciado pela LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Empresas e profissionais precisam se adaptar à legislação e demonstrarem à sociedade que adotaram uma política sólida de privacidade de dados e um programa focado na segurança da informação.

 

  • A incorporação do serviço de telemedicina traz muitos desafios, principalmente, para o SUS por exigir infraestrutura adequada e profissionais treinados. O serviço público sofre com escassez de recursos e um número grande de pacientes por profissional médico. Boa parte dos usuários ainda enfrenta dificuldade de acesso à tecnologia necessária para a interação virtual com o especialista. 

 

  • Garantir um atendimento resolutivo, tanto no SUS quanto no setor privado, é de suma importância para que os pacientes recebam atendimento de qualidade por profissionais gabaritados e para que seja garantida a validade de receitas e atestados médicos digitais.

 

  • Deverá haver no setor da saúde uma transformação cultural: o estímulo ao autocuidado e o reconhecimento da importância dos cuidados com a atenção primária. Tudo isso envolve educação tanto dos novos médicos, quanto dos atuais, através de protocolos e guias elaborados pelas sociedades de especialidades. Também será necessário educar a sociedade em busca do conceito de assistência não centrado na doença. Estamos entrando numa nova era, cujo objetivo é cuidar da gestão de saúde e estilo de vida e evitar que pessoas saudáveis fiquem doentes.

 

  • A exposição de médicos em redes sociais – diversas lives e posts – reabre a discussão das diretrizes éticas estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). É permitido informar sobre os mais variados temas, mas sem sensacionalismo, autopromoção e sem promover a concorrência desleal entre os colegas, conforme Resolução CFM 1.974/2011.

 

Como mostra o levantamento, ainda existem diversos obstáculos a serem estudados e superados no Brasil. O Conecta Médico está em constante atualização, adaptando-se às novas demandas para melhorar cada vez mais a jornada de médicos e pacientes no acesso à saúde.