A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) entrou em vigor neste mês de setembro, trazendo à tona o debate sobre segurança na telemedicina. Para saber mais sobre este assunto e outros ligados à tecnologia, nosso blog entrevistou André Neves, CTO do CONECTA MÉDICO.

 

1. Vocês estavam desenvolvendo a plataforma de telemedicina quando a pandemia começou. Pode nos contar como foi o processo de lançamento do Conecta Médico?

 

Já vínhamos desenvolvendo o Conecta Médico há 3 anos. Antecipamos o lançamento com a chegada da pandemia e um possível lockdown porque entendemos que as pessoas teriam dificuldade de locomoção e necessidade de isolamento. Mas a antecipação acabou sendo positiva, pois passamos a fazer parte do dia a dia dos médicos e fomos aprendendo com eles. A primeira teleconsulta em nossa plataforma ocorreu no dia 18 de março e, desde lá, fizemos vários updates para melhorar a experiência do usuário e promover um melhor atendimento em geral.

 

2. Quais as diferenças em desenvolver um sistema como o Conecta Médico em relação a outros tipos de site, e-commerce e plataformas?

 

Trabalho na área de desenvolvimento web há mais de 15 anos, elaborando projetos para vários segmentos. Desenvolver uma plataforma ligada à área da saúde exige cuidados especiais porque é um setor muito regulamentado e temos a obrigatoriedade de estar em compliance com as exigências dos órgãos regulamentadores. Além disso, estamos lidando com informações sensíveis. Recentemente, passamos por uma auditoria da empresa americana “Cybervadis” e tiramos a nota máxima em data privacy. Ficamos orgulhosos em entender que nossos recursos de segurança e metodologia de desenvolvimento estão sendo reconhecidos e que nossa plataforma é considerada um ambiente seguro para armazenamento de informações das teleconsultas. Também estamos em conformidade com a LGPD, item obrigatório pelo CFM.

 

3. O que você diria para um médico que não está acostumado com tecnologia e tem medo de realizar teleconsultas?

 

A telemedicina já virou comodity e está no dia a dia das pessoas. Ela é uma grande aliada. Algumas consultas, obviamente, só poderão ocorrer de forma presencial, porém parte do tratamento ou o acompanhamento dos pacientes poderá ser realizado à distância. Além disso, com a telemedicina, pessoas que estão em locais afastados têm acesso a especialistas, melhorando sua qualidade de vida. E, olhando para o lado comercial, notamos o aumento de demanda para os médicos, pois o tempo ocioso de agenda pode ser preenchido por teleconsultas com pacientes que talvez não seriam seus pacientes no mundo offline.

 

4. Quais são os limites atuais da telemedicina e quais as previsões para o futuro da área?

 

Todo médico saberá o momento em que ele poderá se utilizar da telemedicina e quando o paciente precisará ir até o consultório para um exame específico. Já as previsões para o futuro apontam para uma jornada 360 deste paciente: atendimento por teleconsultas; compra de medicamentos para receber em casa; adesão em planos de desconto da indústria farmacêutica; integração com IOTs que permitirão o telemonitoramento dos pacientes, entre outros.

 

5. Hoje em dia, a gente tem ouvido falar muito sobre segurança dos dados. O que efetivamente precisa ser feito para resguardar as informações?

 

Segurança de dados é um tema fundamental e prioridade máxima dentro do Conecta Médico. O acesso para visualização dos bancos de dados é bem restrito, o armazenamento das informações ocorre de forma criptografada. Transacionamos as informações através de tolken único que, após o uso, é expirado. Temos cuidado redobrado no armazenamento e processamento das informações dos pacientes e médicos para garantir que não haja uso indevido delas.

 

6. É seguro realizar teleconsultas por aqueles aplicativos de bate-papo?

 

Além de não ser seguro, os aplicativos de bate-papo não são permitidos pelos órgãos regulamentadores para realização do ato médico e isso traz consequências seríssimas. De início, o profissional terá dificuldade na cobrança desta consulta. Além disso, é possível apagar trechos das mensagens e perder o histórico. Agora imagina se o celular for roubado ou encaminhado para a manutenção e pessoas não autorizadas tiverem acesso a dados confidenciais como resultados de exames e diagnósticos? Todo o sigilo do ato médico estará comprometido. A recomendação é que seja utilizada uma plataforma segura, acessada por login e senha, onde o médico tenha certeza de que os dados ficarão ali, de forma criptografada em repouso.

 

7. Com a Covid-19, nós vimos surgir inúmeras plataformas de telemedicina. O que o Conecta Médico tem de diferente em relação aos concorrentes?

 

Temos como diferencial um streaming próprio, ou seja, não utilizamos streamings de terceiros. Nosso software foi feito sob medida pela nossa equipe e garante videochamadas mais nítidas, facilitando muito a interação entre médico e paciente. Também possuímos integrações que potencializam o ato médico, como a prescrição digital. Para o paciente, há a possibilidade de aderir a um programa de descontos da indústria farmacêutica, fazendo a compra do medicamento e recebendo em casa. Ah, e vou te dar um spoiler: em breve, o Conecta Médico terá programas de linhas de cuidado com teleacompanhamento para idosos, gestantes e bebês.

 

8. Geralmente, as plataformas de telemedicina cobram uma mensalidade para o médico ter acesso e realizar suas teleconsultas. Como o Conecta Médico consegue oferecer este tipo de serviço de forma gratuita?

 

Nós desenvolvemos um algoritmo que utiliza a inteligência artificial e aproximou nossa plataforma de empresas e indústrias que são nossas patrocinadoras. Nosso modelo de negócio prevê que o médico faça o maior número de teleconsultas possíveis, sem onerá-lo. O único valor cobrado é do gateway: quando o paciente faz o pagamento da teleconsulta particular através do cartão de crédito ou boleto, dentro na nossa plataforma. É como se fosse o custo da maquininha. Como temos um volume alto de transações, negociamos com o gateway uma porcentagem reduzida que um médico independente não conseguiria e isso também se tornou um diferencial.

 

9. Vocês já tinham o perfil médico e acabaram de divulgar o novo perfil clínicas. Como é cada um destes perfis?

 

No lançamento da plataforma, seguindo o conceito de marketplace, nós tínhamos o perfil do chamado médico independente. O profissional se cadastrava, definia o valor de consulta particular e os convênios que atendia. Recentemente, lançamos o perfil clínicas, onde elas colocam sua biografia, convênios atendidos, valores de consultas por especialidade, fotos, vídeos. Um médico pode ser filiado a mais de uma clínica. Temos também os perfis de secretária e administrador da clínica que poderão fazer a distribuição das teleconsultas solicitadas de acordo com a escala de horário dos médicos.

 

10. Quais serão os próximos lançamentos do Conecta Médico?

 

Em breve, lançaremos os perfis para fisioterapeutas, nutricionistas e fonoaudiólogos. Publicaremos também a possibilidade de sincronismo das agendas com o Google Agenda. O médico não precisará ter outro local de gerenciamento de agenda e poderá fazer tudo dentro do Conecta Médico.