O ano de 2020 marcou o avanço da telemedicina e a mudança definitiva no comportamento dos pacientes que viram suas rotinas transformadas ao demandar soluções não presenciais. Mas, na verdade, a revolução digital que culminou com a pandemia da Covid-19 e o isolamento social, já vinha acontecendo há tempos. Era alimentada pela conectividade, pelo atendimento em tempo real e por inovações, como inteligência artificial, big data e Internet das Coisas (IOT). A jornada de relacionamento que envolve pacientes e drogarias também vinha se modificando e se tornando remota.

 

Atento a todas as inovações referentes à área da saúde, o CONECTA MÉDICO separou algumas informações sobre a prática da Telefarmácia, tais como seus benefícios e legislação.

 

LEGISLAÇÃO

 

Telefarmácia é a assistência e o atendimento remotos com foco nos cuidados farmacêuticos, gestão e disponibilização de medicamentos e gestão da informação à distância. Antes do Conselho Federal de Medicina propor atividades médicas remotas – teleconsulta, telediagnóstico e teleorientação –, os profissionais da área farmacêutica já se movimentavam em torno da contribuição à distância que farmácias e drogarias poderiam oferecer aos pacientes.

 

Em 2006, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) através da Resolução 448, regulamentou atendimentos remotos para os usuários de medicamentos como parte do que chamamos de sistema de farmacovigilância, ou seja, uma equipe de farmacêuticos especializados se mantém à disposição para esclarecer dúvidas ou demandas emergenciais, estando preparados para resolver e dar orientações geralmente por telefone ou e-mail. A telefarmácia pode, por exemplo, evitar alguma fatalidade com o paciente, tirando dúvidas na madrugada ou fornecendo orientações relacionadas a efeitos colaterais.

 

Telefarmácia: assistência e atendimento remotos

 

BENEFÍCIOS

 

Uma dúvida que surge é se o aprimoramento da relação remota entre pacientes e farmacêuticos conseguiria substituir uma prática perigosa que é o autodiagnóstico e a automedicação realizada a partir dos resultados das buscas por alívio de problemas de saúde no Google. Uma pesquisa realizada em 2018 pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico concluiu que 40% dos brasileiros fazem autodiagnóstico médico pela internet.

 

A tendência é que a telefarmácia se torne mais tecnológica e que a confiança e profissionalismo passados pelos farmacêuticos aumentem a demanda por orientações remotas. Além disso, o envelhecimento da população, a violência nos grandes centros, as dificuldades de transporte e os custos elevados com os cuidados de saúde também podem ajudar nesta transição.

 

LEGISLAÇÃO

 

No entanto, atualmente, a telefarmácia não está prevista na legislação sanitária. A dispensação de medicamentos por meio remoto é regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e prevê que apenas farmácias e drogarias abertas ao público, com farmacêutico responsável presente durante todo o horário de funcionamento, possam realizar este tipo de atendimento. Não é permitida a dispensação de produtos sujeitos a controle especial por via remota, pois, nesse caso, é necessário que o cliente esteja presente no estabelecimento com a receita em mãos.

 

Desta forma, o avanço e a democratização da telefarmácia no Brasil estão condicionados a uma revisão nas normas sanitárias. Mas é preciso levar em conta que o paciente que passa por atendimento médico online e recebe prescrição pela internet, dificilmente, vai querer se deslocar até uma farmácia física para comprar seus medicamentos. Então, prevemos que mudanças neste sentido deverão acontecer.