A Covid-19 e o isolamento social aceleraram a digitalização de processos do dia a dia, estimularam o trabalho remoto e a interação online. Como consequência, vivenciamos o surgimento de uma saúde mais conectada e que espera que o médico seja uma referência, um cuidador e um parceiro terapêutico que se relaciona de verdade com o paciente, entendendo sua dor. Já não há muito espaço para o antigo paradigma do profissional de saúde que realiza uma curta consulta presencial para rever o paciente somente no retorno.

 

Pesquisas revelam o impacto positivo da telemedicina
Pesquisas revelam o impacto positivo da telemedicina

Um estudo da Juniper Research afirma que em 2025 o número de teleconsultas realizadas mundialmente chegará a 765 milhões. Só neste ano, a perspectiva é que sejam 422 milhões de atendimentos médicos online. Com isso, estima-se que a telemedicina seja capaz de economizar mais de US$ 21 bilhões em 2025 para os provedores de saúde. Entre os motivos desta economia, está a integração de wearables de saúde em serviços de teleconsulta, que permitirá obter dados de saúde dos pacientes de forma mais eficiente e sem a necessidade de uma visita física.

 

Estudos da Global Market Insights apontam que o mercado mundial de telemedicina irá se expandir para US$131 bilhões até 2025, com taxa de crescimento anual de 19%, impulsionada pela ampliação da rede de telecomunicações 5G e iniciativas dos governos.

Aqui no Brasil, pesquisa realizada pela Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O), entre março de 2020 e junho de 2021, ouvindo 9 plataformas digitais (entre elas, o Conecta Médico), revelou que foram realizados 3.013.687 atendimentos online, com resolutividade que variou entre 87 e 98%, o que diminuiu drasticamente o encaminhamento de pacientes para os prontos-socorros, evitando risco de contágio e transmissão do novo coronavírus.  Já o levantamento realizado pela Abramge (Associação Brasileira de Plano de Saúde), entre operadoras de planos de saúde, apontou mais de 3 milhões de teleconsultas desde o início da pandemia, com resolutividade de cerca de 90%. As duas pesquisas brasileiras reforçam o impacto positivo da telemedicina no cenário brasileiro, proporcionando tratamento adequado para pacientes de todos os estados Brasileiros.

 

Momento crucial na regulamentação definitiva da telemedicina

 

Estamos vivendo um momento crucial. Apesar do setor de saúde brasileiro ser o oitavo maior do mundo, nosso país está atrasado há quase 20 anos na regulamentação definitiva da telemedicina, que aconteceu em 1996 nos EUA e em 1998 no Reino Unido. Somente em março de 2020, o CFM encaminhou ao Ministério da Saúde o Ofício CFM nº 1756, solicitando o reconhecimento da possibilidade e eticidade da utilização da prática para teleorientação, telemonitoramento e teleinterconsulta. No entanto, a regulamentação ainda é provisória.

 

Segundo o Dr. Claudio Lottenberg, Presidente do Hospital Isrelita Albert Einstein e do Instituto Coalizão Saúde (ICOS): “A questão da autorização, é nada mais nada menos do que dar um OK para algo que já foi aprovado no período pandêmico.” Para reforçar a importância da telemedicina, o Dr. Eduardo Cordioli, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital, cita o Project Expert PROADI-SUS que realizou muitas teleconsultas, principalmente, com pacientes da região Norte. Um diabético levava 10 dias em trânsito para ir e voltar de São Gabriel da Cachoeira (AM) até um atendimento presencial em Manaus. Com os atendimentos online, o tempo de espera por marcação de consulta que chegava a 3 anos caiu para apenas 3 dias. Para Cordioli: “a telemedicina agrega valor em saúde, permite melhor desfecho clínico com menor quantia. O grande ganho é para quem não tem hoje acesso à saúde”.

 

Uma questão que vem sendo debatida é se médicos só poderão atender pacientes de seus próprios estados. Dra. Beatriz Leão, que também faz parte do Project Expert PROADI-SUS pelo Hospital Sírio-Libanês, reforça que: “é um absurdo limitar a teleconsulta para a região de registro do médico. Por que o paciente do Amazonas não pode ter acesso aos médicos de São Paulo?” O Conecta Médico também defende autonomia médica em anuência com o paciente sem condicionamento à territorialidade, já que não é o médico que vai até o paciente, mas o paciente que se conecta ao profissional de saúde pela internet.

 

Para Carlos Pappini, CEO do Conecta Médico, a economia colaborativa ainda está em uma etapa embrionária no País, principalmente, na área da saúde. Temos um ambiente onde os recursos são escassos e as necessidades ilimitadas. A questão do acesso aos recursos é um fator crítico, principalmente, à camada da população mais carente, que depende do SUS. Estruturar modelagens de negócios dentro do conceito de economia colaborativa possibilita a geração de novas receitas escaláveis, otimizando o tempo ocioso de máquinas, equipamentos e infraestrutura da saúde, além de diminuir desperdícios de medicamentos e outros insumos.